quarta-feira, 2 de março de 2011

Falo e não me entendes

Falo e não me entendes,
Sonho e não te encontro nos meus sonhos;
Escrevo a alma inteira e não a vês,
Silencio a voz e esqueces-me.

Penso e já me perdeste;
Afirmo e tu afirmas a minha loucura;
Escrevo com a tinta do espírito e tu não lês,
Calo-me e arrumas-me nos confins da memória.

Não te sigo e tu insistes,
Vou só e sem glória e tu ris-te;
Nos sonhos e na loucura trilho o meu caminho,
Um caminho ao que não te atreves sozinho.

Desnudo-me e tu, surpreendido,
Questionas a minha sanidade;
Dispo tudo o que prezas e
Recuso cobrir-me de ligeireza, d’inutilidade.

Reitero a minha verdade e tu escarneces,
Encolho os ombros à tua certeza,
Avanço só, sem protecção, sem defesa;
Não te peço nada e permaneço inteira.

Não me ouves mas começas a ver-me,
Uma imagem indefinida do quanto não és;
Falo e não me entendes,
Calo-me mas persisto no horizonte da tua ideia.

Lamentas a minha loucura, o meu silêncio;
Não me lês nem a alma nem o espírito;
Mas foi ela que em ti engendrou a dúvida
E ele quem acolheu o teu futuro grito.

terça-feira, 1 de março de 2011

Páginas em branco

Ai, homem, tantas páginas escritas em branco...
Páginas inertes de letras sem tinta,
Plasmadas  de prantos inventados e tantos, tantos pontos finais!
Letras invisíveis, inglórias e vãs,
Gravadas sobre páginas em branco
Ditando invisíveis, implacáveis, os mesmos anais.

Ai, homem, que história queres escrever
Em páginas imensas cheias de letras anãs?
São vis os teus feitos, ignóbeis as tuas façanhas
E por mais que os escrevas em letras garrafais
O teu destino não muda!
A menos que mudes tu,
Que não defraudes a alma
E não voltes às palavras frias, vazias, inventadas,
Nunca, nunca mais.
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